Anunciamos os cinco vencedores do What Design Can Do Refugee Challenge: Makers Unite, um laboratório de co-criação de criativos e refugiados; The Welcome Card, para dar aos refugiados acesso a benefícios sociais; Eat & Meet, uma rede de ônibus transformados em cozinha; AGRIshelter, abrigos autossustentáveis; e Reframe Refugees, uma agência fotográfica que capacita os refugiados a contar suas próprias histórias.

No What Design Can Do Live que aconteceu em 1º de julho de 2016, em Amsterdã, Bert Koenders, Ministro de Relações Exteriores da Holanda, junto com Jonathan Spampinato, da IKEA Foundation, e Crinne Gray, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) apresentaram os cinco vencedores do Refugee Challenge que ganharam 10 mil euros para desenvolver as suas propostas.

“Precisamos desses designers e artistas para encarar os principais desafios de nosso tempo com imaginação e criatividade”, afirmou Koenders. “Seja a respeito da crise dos refugiados, do aumento da urbanização ou dos efeitos das mudanças climáticas, queremos fazer a diferença. Queremos melhorar de verdade o mundo e a vida das pessoas. Essas mudanças farão do planeta um lugar mais estável, seguro e sustentável.”

 

631 INSCRIÇÕES DE 70 PAÍSES

O Refugee Challenge foi uma competição de design organizada pela plataforma What Design Can Do em colaboração com a UNCHR e IKEA Foundation. Designers de todo o mundo foram convocados a enviar suas ideias para melhorar a recepção e integração dos refugiados, reunindo 631 projetos de 70 países.

“O enorme otimismo, o fato de esta geração não ter medo de arregaçar as mangas e a empatia evidente nessas ideias são as maiores conquistas do Challenge”, diz Richard van der Laken, fundador do What Design Can Do. Entre as centenas de inscrições foram selecionados 25 projetos, entre os quais um júri internacional composto de designers, políticos, design thinkers e representantes de organizações de refugiados selecionaram cinco vencedores.

 

SERVIÇOS, INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO

A maioria das ideias vencedoras focam soluções na área de serviços, interação e integração. Os inscritos, predominantemente jovens de países como a Holanda, Grécia, Suécia, Brasil e Itália, Irã, projetaram maneiras de facilitar as relações entre recém-chegados e residentes da União Europeia ultrapassando os estereótipos e preconceitos.

Corinne Gray, do centro de inovações da UNCR – e membro do júri internacional – comentou: “É muito bom que tantos designers proponham novos sistemas, novos processos e novos serviços. A nossa tendência é restringir o alcance do design, mas isso só mostra o que ele pode fazer. Este desafio traz otimismo por mostrar tantas pessoas estão realmente abertas para receber os refugiados”.

“Esta tem sido uma colaboração fantástica com a comunidade do design”, afirma Jonathan Spampinato, da IKEA Foundation: “Isso ajusta nosso anseio para explorar como os princípios do ‘design democrático’ podem ajudar a conduzir inovação no setor humanitário”. Marcus Engman, head os design da IKEA e membro do júri, está satisfeito com a possibilidade de os designers transformares suas ideias em protótipos praticáveis. “Sou um fazedor, então sempre estou em busca do próximo passo, quando os designers irão desenvolver as suas ideias.”

 

WDCD ACCELERATOR

Na próxima etapa, o WDCD Accelerator, os cinco vencedores serão orientados para levar seus projetos adiante. Para que isso seja possível, eles receberão 10 mil euros. No final de 2016, os projetos serão contactados e apresentados novamente.

Além do Challenge, o What Design Can Do organizará uma conferência internacional de dois dias com pelestrantes internacionais a respeito do poder do design. O evento de 2016 aconteceu em 30 de junho e 1º de julho, em Amsterdã, e atraiu mais de 1500 designers, criativos e interessados do mundo todo.

 

OS CINCO VENCEDORES DO WHAT DESIGN CAN DO REFUGEE CHALLENGE

1 | AGRIshelter

Autor: Narges Mofarahian (Itália/Irã)

AGRIshelter (AGROabrigo) é uma alternativa à falta de abrigos de refugiados levando em conta fatores sociais, urbanos, ambientais e econômicos. São construídos com materiais novos e biodegradáveis, que são duráveis, têm bom isolamento e estão disponíveis em todas as cidades, podendo ser construídos pelos próprios habitantes. O júri afirma: “Este projeto é um pouco utópico, mas ele é melhor do que um projeto distópico”.

 

2 | The Welcome Card

Autor: The Green Card Team (Suécia)

O Welcome Card é emitido para qualquer pessoa que pedir asilo em algum país da União Europeia. Uma tecnologia de identificação por radiofrequência permite que os refugiados verifiquem o status de seus pedidos quando o cartão é emparelhado com um leitor. O cartão também traz informações sobre cursos de idiomas, transporte e eventos importantes, e pode permitir que organizações e pessoas ofereçam benefícios e direitos aos cadastrados. O júri conclui: “Haverá questões de privacidade e segurança, mas a ideia tem muito potencial”.

 

3 | Reframe Refugees

Autores: Marie-Louise Diekama, Tim Olland (Holanda)

As fotos dos refugiados divulgadas pela grande mídia parecem todas iguais e, mais importante, apresentam refugiados em situações desesperadas e desamparados. Com fotos e histórias desenvolvidas pelos próprios refugiados, a plataforma digital Reframe Refugees mostrará ao mundo que os refugiados são pessoas com os mesmos sonhos e ambições que toda a população mundial. “Essa ideia merece ser aceita para o Accelerator, pois oferece uma saída para a armadilha da comunicação a respeito dos refugiados. Precisamos ter uma representação contraintuitiva dos refugiados e quem, melhor do que eles próprios, para nos fornecer essa representação?”, afirma o júri.

 

4 | Eat & Meat

Autores: Jennifer Kinnunen, Marie Legleye, Camille Marshall, Elias Sougrati, Camille Marshall (Brasil)

Eat & Meat utiliza a comida para nutrir relacionamentos e aquecer corações, apresentando refugiados como parte indispensável da modernidade. O projeto transforma ônibus em food trucks nos quais os refugiados podem cozinhar e vender pratos de sua culinária tradicional, com os lucros para os próprios trabalhadores e para o projeto de integração. O júri destacou: “Essa ideia multifacetada traz à tona a ideia de que comer um alimento de outra cultura é a primeira forma de confiança intercultural. O conceito oferece muitas possibilidades de crescimento, principalmente para as mulheres”.

 

5 | Makers Unite/ Conecting makers. Uniting people.

Autor: Makers Unite (Holanda/Grécia)

Makers Unite conecta refugiados e cidadãos da União Europeia através do desenvolvimento de produtos e narrativas, começando com o reaproveitamento de coletes salva-vidas e barcos encontrados nas margens gregas. A plataforma oferece os primeiros passos para os refugiados recuperarem a sua dignidade, para conectarem-se com os locais, construir novas redes de relacionamento e recomeçar a sua vida. O júri classificou este como um “incrível projeto que apoia o design empreendido nos centros de inovação dentro das comunidades, o que as torna mais sustentáveis e dignas”.

 

O júri

O júri do What Design Can Do Refugee Challenge 2016 foi formado por: Corrine Gray, do centro de inovações da UNCR; Christian Benimana, arquiteto; Petra Stienen, arabista/senadora; Richard van der Laken, fundador do WDCD; Robin Cohen, docente em Oxford; Doreen Toutikian, diretor da Beirut Design Week; Ravi Naidoo, fundador do Design Indaba; Michael Johnson, designer; David Kester, CEO do design council; Marcus Engman, head of design.